2005-12-25

Cascos Session, 2005.12.23

Bjork_Isobel (Deodato mix)
Mo'Horizons_Foto Viva (Nicola Conte mix)
Tom Jobim_Insensatez
Thievery Corporation_Bairro Alto
Caetano Veloso_Come As You Are
Nine Inch Nails with David Bowie_Hurt (live)
Temple of the Dog_Hunger Strike
Jeff Buckley_Last Goodbye
Smashing Pumpkins_Disarm
Body Count_Hey Joe
Blind Melon_No Rain
Candlebox_You
Soundgarden_Spoonman
Nirvana_In Bloom
Juliette Lewis and the Licks_You're Speaking My Language
Yeah Yeah Yeahs_Y Control
The Kills_No Wow
Pop Dell'Arte_My Funny Ana Lane
White Stripes_The Hardest Botton to Botton
Bloc Party_Banquet (Phones disco edit)
Kaiser Chiefs_I Predict a Riot
The Killers_Somebody Told Me
Editors_Fall
Interpol_Not Even Jail (Daniel Kessler remix)
She Wants Revenge_Sister
Goldfrapp_Ooh LaLa (Phones re-edit)
Ladytron_International Dateline
Chicks on Speed_We Don't Play Guitars
Peaches_I U She
Peaches_Kick It
X-Wife_Rockin'Rio
LCD Soundsystem_Tribulations
Hooverphonic_The World is Mine
Propellerheads_Crash!
Chemical Brothers_Galvanize
Prodigy_Voodoo People (Dust Brothers remix)
David Bowie_The Hearts Filthy Lesson
U2_The Fly
Depeche Mode_I Feel You
The Doors_People are Strange
The Cure_Just Like Heaven
The Cure_Hot Hot Hot!
R.E.M._It's the End of the World As We Know It
Violent Femmes_America Is
Iggy Pop_Lust For Life
Blur_Parklife
The The _Love is Stronger Than Death
Bauhaus_Ziggy Stardust
Joy Division_Atmosphere

2005-12-19

Intervenção e cidadania


Embora ainda de forma provisória e em fase experimental está já online o site http://www.patrium.org/.

A visitar. A conhecer. A comentar. A sugerir. A criticar.

Sexta.Sábado.Domingo.

Foi violento o fim de semana.



...mas decidi não apresentar queixa.

(Reservados os direitos de autor)

2005-12-12

U2, Vertigo'05 live from Chicago (dvd)

"Perdida de vez a liderança musical, é ainda no palco que a maior banda do planeta pode reclamar esse estatuto"
Correctíssimo. A dobrar.

"O público estremece em Chicago mas o espectador de Vertigo 2005 observa a sequência de acontecimentos demasiado à distância, ao contrário do que acontece no dvd anterior, Elevation Tour 2001: Live from Boston, em que os espectadores ao vivo e os de chinelo são colocados em plano de igualdade."
Verdadeiro, também.
Quem esteve em Alvalade percebe a diferença.
Melhor que isso, pode reviver as sensações.

in Blitz, 2005.12.06

Mercado de Inverno

Animal Collective, Feels, 2005
A nova aquisição. A ver no que dá...

dEUS, 2005.12.06

É por estarmos mal habituados. Porque todos os eventos têm de ser um acontecimento. Porque haver uma banda rock a tocar na casa da música (ou no coliseu, ou no hard club, ou noutro sítio qualquer) não é mais uma opção, mas sim "a" oportunidade. Porque 25€ é um valor considerável para se poder assistir a um concerto todas as semanas. Porque, dos poucos que vêm a Lisboa, ainda muito menos vêm ao Porto (e já se ouvem as reclamações deles porque os Bauhaus não vão à capital...) .
Não foi a melhor apresentação que vi dos dEUS (essa foi em Paredes de Coura).
Também não foi a pior performance deles a que assisti (alô sudoeste'97).
Mas foi um bom concerto. As expectativas não podiam ser colocadas muito altas, até porque o percurso dos belgas tem evoluido no sentido descendente, mas posso dizer à boca cheia que não houve outro concerto rock tão bom no Porto nos últimos meses (considerando que as guitarras sigur ros não são para aqui chamadas). E até Fevereiro vamos ter que viver com as memórias deste concerto rock (até porque não haverá outro!).

2005-12-07

The House of Music

Dito assim, com mais pompa, com Shakespeare a dar o mote, talvez o nosso CCB tivesse outra acreditação. Rios do vil metal foram ali cimentados. Também no Estádio de Braga, também no Pavilhão Atlântico, também na Ponte Vasco da Gama, também, e sobretudo, no CCB "deles".
Alturas há (como ontem) em que esquecemos que nos saiu do bolso e nos orgulhamos da nossa vaidade.
.
Nota de rodapé: CCB_Centro Cultural da Boavista.

Fim do embargo

Ele, que tudo odeia das terras do tio Sam, comeu ontem uma americana.

2005-12-04

Donkey

Tem (quase) 3 anos a minha afilhada e como qualquer criança dessa idade tem no Shrek uma referência incontornável. E nós, com uns anitos a mais, somos obrigados a saber tudo sobre o ogre verde, não vão eles questionar-nos e nós ficarmos à toa! Não que isso seja mau, bem pelo contrário! Não fossem eles e, provavelmenete estas e outras preciosas obras de animação passariam "ao lado".
O monstro de bom coração e a sua princesa Fiona não deixam os miudos indiferentes. O irreverente Gato das Botas é o preferido dos mais graudos. Mas o burro... Assim mesmo. Simplesmente "o burro". Será que foi falta de imaginação não ter nome? Será que foi por lapso que não foi baptizado? Penso que não. Ficou à nossa consciência o dever de lhe encontrar apelido. Ficou à nossa mercê. E as hipóteses foram sendo testadas e tentadas. As sugestões vão-se acumulando. 2 nomes vão ganhando peso e a escolha torna-se difícil. Chamamos-lhe Scolari ou Adriaanse?

2005-11-29

Copy | Paste

"Segundo dados agora revelados pelo Instituto Nacional de Estatística, os portugueses casam cada vez mais tarde. Em 1994, os homens casavam-se em média aos 26,7 anos. Em 2004, casam-se em média aos 28, 6. É bom saber que estou à frente do meu tempo: vivo, digamos, em 2024."

in http://www.estadocivil.blogspot.com/

...incompreendidos, é o que somos!

2005-11-27

Lampard "vs" Ronaldinho

Um é arte em estado puro. Outro o exemplo máximo do profissionalismo. Um é magia, é espectáculo, é virtuosismo. Outro é eficácia, é rigor, é regularidade. Um é a extravagância da alta costura. Outro a precisão de um relógio suiço. Um levanta o estádio com um drible. Outro sossega os adeptos com a sua fiabilidade. Um é o artista supremo. Outro o operário de luxo. Tão diferentes e tão iguais. E não podem ganhar os dois?

2005-11-20

Takk.

Porto, Coliseu, 2005.11.19

Carta a Ian Curtis

Desafiam-te, Ian. Põe-te em causa. Ousam enfrentar-te.
Aproximam-se da perfeição. São pretenciosos mas virtuosos. São poetas da melodia. Criam paisagens sonoras gélidas e profundas, ambientes intensos e tranquilizadores. Obrigam-nos a duvidar da mais elementar certeza criada pela prolongada exposição musical a que nos sujeitamos. Afinal há alternativa ao teu Atmosphere para a banda sonora do Apocalipse. Algures pela Islândia.

2005-11-14

totoloto

(dia) 11,
18 (km de extensão),
(ic) 25,
(a) 42,
15 (minutos de distância),
4 (nós no concelho)

chave vencedora.

p.s.: nº suplementar o 38 (dos km de alfena à ilha!?!?!?!)

14

o número u2.

o 14 da contagem vertigo
o 14 de alvalade, em agosto
o 14 presente, em dvd

2005-11-07

Férias Judiciais

Alvalade.
o keeper da selecção "defende" dentro da baliza e não é golo. prejudicada a União de Leiria.
um bárbaro agride a jóia da coroa leonina e continua em campo. prejudicado o Sporting.

Luz.
fecha-se os olhos ao fora de jogo e é golo. prejudicado o Benfica.
faz-se de conta que é falta e é golo. prejudicado o Rio Ave.

Mata Real.
mão na bola ás vezes também vale. prejudicado o Paços de Ferreira.
inventa-se um fora de jogo para anular o golo. prejudicado o Porto.

Resultado.
prejudicado o campeonato. prejudicado o futebol. prejudicados os espectadores.

Afinal há juízes que mereciam períodos de férias alargados. 12 meses por ano, talvez.

Mourinho, Old Trafford, F.C.Porto

na sport tv eles jogavam. de um lado os diabos vermelhos de Manchester, do outro os aristocratas azuis de Londres. o ambiente, fantástico, como sempre. intervalo e os invencíveis a perder. entrada de rompante para o segundo round. emoções ao rubro. entusiasmo, vibração, intensidade e drama. joga-se no limite. não há floreados mas o requinte técnico é por demais evidente. respiração suspensa. foi no teatro dos sonhos que vivi o mais emocionante momento futebolístico destes anos. o melhor palco do mundo, quiçá, para viver o jogo do povo. aos 89m costinha provocou a explosão. 3.000 abafaram 64.000. o olimpo do futebol foi azul por um dia. mourinho o dono da festa. era março de 2004. iria a história repetir-se? a bola passou ao lado. explodiram os reds. respiraram de alívio. os azuis também perdem.
saí de casa. fui ao estádio. o clube do coração jogava com o campeão do mundo.

2005-11-03

Função Pública: Aumentos serão em função do rendimento.

e, pergunto eu, não o deveriam ter sido sempre?

2005-11-02

The Twilight Zone

Onde me tenho sentido, noutra dimensão.

2005-10-31

"Nightmare before Christmas", Tim Burton, EUA, 1993


Na realidade a realização até é obra de um senhor chamado Henry Selick, mas o que é que é realidade no universo Tim Burton?
Antes de se atirar ao pior realizador de sempre em "Ed Wood", antes da subtileza espampanante de "Big Fish", após o delírio fantasmagórico de "BeetleJuice" e do aprumo romantizado de "Edward Scissorhands", Tim Burton teve uma ideia. Uma ideia brilhante, diria.
E se o senhor do Halloween organizasse o Natal?

Jack, eterno rei do Halloween, perdeu a motivação. Precisa de um novo desafio. Deprimido, abandona HalloweenTown e os seus peculiares habitantes e ruma á floresta.
Regressa com nova ambição. Descobriu a cidade do Natal e vai ser o seu novo rei. Quem senão ele para tornar esta estranha festa num acontecimento marcante?

2005-10-30

Uma hora

Não é uma hora qualquer, é uma hora.
E daqui por uma hora é uma hora outra vez.

Bauhaus

Resgatem-se as vestes negras aos armários.
Bauhaus, 17 de Fevereiro, Coliseu do Porto.

2005-10-28

Hurt

i hurt myself today to see if i still feel
i focus on the pain the only thing that's real
the needle tears a hole the old familiar sting
try to kill it all away but i remember everything

what have i become? my sweetest friend
everyone i know goes away in the end
you could have it all my empire of dirt
i will let you down i will make you hurt

i wear my crown of shit on my liar's chair
full of broken thoughts i cannot repair
beneath the stain of time the feeling disappears
you are someone else i am still right here

what have i become? my sweetest friend
everyone i know goes away in the end
you could have it all my empire of dirt
i will let you down i will make you hurt

if i could start again a million miles away
i would keep myself i would find a way

2005-10-25

DECO

já não é novidade. é um grande artista. e português! nomeado para jogador do ano, blá blá blá... "finta com os dois pés" já se dizia no Dragão. mágico, afirmava o tribunal. um número dez que até recupera bolas! jogador completo. tão completo que, mesmo em Barcelona, não esquece os males cá do burgo. aproveitou a lesão para vir visitar as repartições de finanças. e não fez por menos: 1/3 não escapou à inspecção. trabalha no terreno este playmaker! concluiu que 3/4 dos estabelecimentos não respondiam satisfatoriamente ás questões colocadas. "ineficientes" e "ineficazes", foram termos que empregou. 75% da amostra. muito? se atentarmos resulta somente em 25% do total. optimismo! 75% podem até ser eficientes e eficazes! mania de deitar logo abaixo! "mas quem é que este jogadorzinho pensa que é, para vir dizer mal da função pública?" (comenta-se nos corredores) "ainda se fosse o eusébio, esse sim uma estrela, a opinião seria credível". "no tempo dele é que era bom! agora até há quem queira trazer computadores para substituir as máquinas de escrever! e gente nova, com ideias! cruz, credo!" "qualquer dia mandam práqui o mourinho e a malta até vem pagar os impostos! deixem as coisas como estão que temos menos que fazer..."

eu sei!

pelo andar da carruagem, torno-me mais um matvei da blogosfera...

eu vou actualizar isto.

2005-10-14

na concorrência...

...encontrei um desafio: enumerar os meus cinco concertos de sempre.
como cinco é um número como outro qualquer aí vai a minha resposta, sem ordem definida.


_Radiohead, Coliseu Porto, 26 Julho 2002
_Young Gods, SBSR'95, Alcântara, Lisboa, 8 Julho 1995
_Tindersticks, Coliseu Porto, 21 Novembro 1997
_Pearl Jam, Dramático de Cascais, 25 Novembro 1996
_Portishead, Sudoeste'98, 9 Agosto 1998
_Nine Inch Nails, Werchter, Bélgica, 02 Julho 2005
_U2, Alvalade, Lx, 11 Setembro 1997 e 14 Agosto 2005
(sim, os 2 juntos para compensar a ausência de 1993...)
_Iggy Pop, Ilha do Ermal, Vieira do Minho, 16 Julho 1999
_P.J.Harvey, Sudoeste'98, 9 Agosto 1998
_Morphine, SBSR'95, Alcântara, Lisboa, 9 Julho 1995

e nem pude referir o Beck no Imperial, os Moloko no Sudoeste, os Lamb ou os dEUS em Paredes de Coura, os Soul Coughing em Vilar de Mouros, os Queens of the Stone Age no Sá da Bandeira, os Faith no More no Coliseu, os Placebo com o Robert Smith em Wembley, o Tricky no Coliseu, os Pixies e os Massive Attack no Super Rock, os Chemical Brothers em Werchter...
ou seja, aceitam-se contribuições.
...
p.s.: esqueci-me de referir que a "concorrência" se dá pelo nome de http://radio167.blogspot.com/
p.s.2: e também me esqueci dos Yeah Yeah Yeahs em Paredes de Coura, dos Blur no Sudoeste, do Nick Cave nas Antas, dos Goldfrapp no Hard Club...

três.seis.cinco

...e quando tudo corria na perfeição, grãos de areia começaram a perturbar o bom entendimento. nada que uma conversa mais profunda não pudesse corrigir. nada de mais errado. uma frase mal medida e as pequenas partículas de areia transformam-se em gigantescos cubos de gelo. nem o tempo foi a tempo de evitar as palavras. nem o tempo foi capaz de fazer derreter o gelo.

2005-10-10

A propósito de eleições...

Ganhou a lista F.
(1994)

2005-10-05

"Natural Born Killers", Oliver Stone, EUA, 1994

Haverá algo de mais violento que os telejornais de qualquer TVI deste mundo?
Haverá algum governo mais poderoso que um director de um canal de televisão de grande audiência?
Haverá algum Zé Maria de Barrancos que os media não consigam transformar em herói nacional?

Um dos primeiros delírios literários de Quentin Tarantino.
O grande delírio visual de Oliver Stone.
Um trabalho que valeu o corte de relações entre ambos.
Trent Reznor na cabine de som.
Leonard Cohen, Patti Smith ou Jane's Addiction nos ouvidos.
Os Velvet Underground amaciados pelos Cowboy Junkies. Sweet Jane.
Sweet Mickey. Sweet Mallory.
Violência gratuita? Parece-me mais uma ironia refinada, uma metáfora romântica, uma alegoria docemente perversa e requintada.
Sensualidade pop de Juliette Lewis pré-Licks.
Rebeldia punk de Woody Harrelson pós-Cheers.
Presenças bem definidas de Robert Downey Jr., Tom Sizemore e Tommy Lee Jones.
O Kill Bill dos anos 90.
Obrigatório.

2005-10-02

"As Invasões Bárbaras", Denys Arcand, França/Canadá, 2003

É amizade. É amor. É humor. É drama. É prazer. É redenção. É compreensão. É perdoar. É ouvir. É mudar. É ludibriar o sistema. É a força do capitalismo. É sobre o que nos invade a vida. É um grande filme.

2005-09-30

Já está...

...e não dá para voltar atrás. Está feito. Bem ou mal? O futuro responderá.

2005-09-29

Etapa # 7: os Pirinéus, no caminho de casa.

Quase três meses depois o flash-back termina com estas linhas.
Foi bom trazer à memória estas recordações e partilhá-las com tão singular imensidão silenciosa. O diário de bordo foi uma cábula preciosa no avivar de pormenores valiosos.
...e o calendário a relembrar que tanto falta ainda para nova aventura...

A Côte d'Azur está nesta viagem como o jornal do dia no pequeno almoço: olhadela rápida, uns títulos na retina, algo que fica, sem ser aprofundado.
De Toulon pouco há a dizer a não ser que em nada me cativou.
Cassis, 2ª paragem. Vila pitoresca, acolhedora e turística. A Cascais de França.
Marselha, capital do sul, o grande porto gaulês do Mediterrâneo. Jantar em esplanada do Port Vieux, zona central da cidade, camarote VIP para o campeonato mundial de petanca que aqui decorria.

Nova alteração de rota, à medida que Espanha se aproxima. Barcelona é demasiadamente cativante e importante para ser visitada de relance. Merece, com certeza, visita futura, por isso deixa de fazer parte da rota. Destino: Andorra.
Com a subida dos Pirinéus as condições meteorológicas pioram sobremaneira. Rochedos recortados e o verde da paisagem dominam o que os olhos alcançam. Nuvens carregadas escondem o topo das montanhas. Estamos quase a 3.000 metros de altitude. O ordenamento das habitações é rigoroso no principado, para não ferir a beleza paisagística.



Chegada a Saragoça no início da madrugada de 09 de Julho, data querida para o meu companheiro de viagem, no mais longo dia de aniversário que a sua história já conheceu, um dia de 25 horas, aproveitando a diferença horária para Portugal.
O rio Ebro dá vida a uma cidade pouco mediatizada, mas cujas riquezas serão certamente mais divulgadas quando, em 2008, acolher exposição mundial idêntica à que alterou a face de Lisboa em 1998.
A aridez da paisagem no caminho de Madrid, vai dando lugar ao verde à medida que nos distanciamos da capital espanhola, a caminho de Bragança, porta escolhida para a reentrada em Portugal.
22h30, os ares são (muito) mais familiares.
Home, sweet home.

Etapa # 6: os Ferreira de Lyon.

Lyon, 2ª cidade de França (em permanente disputa com a portuária Marselha), acolhe-nos ao fim da tarde de 05 de Julho. A família Ferreira será aqui nossa anfitriã.
Rendez-vous no Stade Gerland, casa do Olympique Lyonnais, saudável memória recente na caminhada dragoniana rumo ao título de Gelsenkirchen.
Boa recepção, cama, mesa e roupa lavada, fazem-nos sentir como em casa.
O passeio nocturno pelo centro da urbe é guiado pelos olhos de quem bem a conhece. Cidade das luzes, como Paris, oferece imagens esplêndidas.


Os Ferreira, clã materno do camarada Vieira, têm um filho a viver em Genéve, na Suiça. Para lá nos dirigimos. Mais uma fronteira rompida.
Numa viagem como esta, as emoções estão sempre ao rubro. Entusiasmo, adrenalina, novas experiências, intensidade, descoberta. Esta constante atenção quase impede a existência de momentos de reflexão. A transposição dos Alpes permite uma momentânea ausência de concentração, pois o volante está noutras mãos desta vez. O momento é interior.

O sr. Ferreira, qual guia turístico conhecedor dos 4 cantos do mundo, conduz-nos a pé pelas artérias de Genebra. As grandes marcas de relógios, de roupa e de acessórios de moda, bem como os principais bancos mundiais, estão aqui representados, bem de frente para o lago Léman. A cidade é pequena mas agradável. O jantar é preparado a meias entre mãos portuguesas e el-salvadorenhas. Um pastis de Marseille a abrir; um Côte-de-Rhone a fechar. Com esta vida posso eu bem.

O último round em Lyon dá-se na manhã de 07, entre a Notre Dame de Fouvieres e o anfiteatro romano local. Uma vista panorâmica da cidade e a despedida de tão bons anfitriões. Segue-se a Côte d'Azur, já no caminho de regresso.

2005-09-26

Para estes já cá cantam os free-passes...

Sigur Rós. 20 Novembro 2005. Coliseu dos Recreios. Lisboa
dEUS. 06 Dezembro 2005. Casa da Música. Porto
Depeche Mode. 08 Fevereiro 2006. Pavilhão Atlântico. Lisboa

2005-09-22

...onde se fala do 9 de Outubro, das obras, da paralização do blog e do que o Manuel de Oliveira tem a ver com isto. E ainda há uma viagem por acabar

Inaugurações ou falta delas. Obras e buracos. A tradição perdida a que alude o jc. Autárquicas. 9 de Outubro. Muita festa. Políticos e empreiteiros num corre-corre. Máquinas em movimento (partidárias e da construção civil).
A(s) água(s) na ordem do dia. E o saneamento. Uma conduta partida e o povo a seco até à hora da janta.
As linhas telefónicas também sucumbiram. O telefone não faz falta. Morreu com o advento do telemóvel. A linha serve apenas para nos ligar à "cibéria". Sem linhas não há blogue que resista. Felizmente a última vez promoveu o Takk. Fica(va) tão bem no topo da página!
O problema está resolvido. A campanha vai começar. As obras vão acabar. A festa vai continuar. Até 9 de Outubro. Está a chegar. Feliz ideia de nos darem Presidenciais a seguir! E o Manuel de Oliveira como mandatário da juventude do pai do ex-presidente da câmara da capital. Ou não.
Entretanto vou prolongando a estadia em Lyon. A viagem decorreu à velocidade do TGV. O relato segue o ritmo da chegada do mesmo à nossa terra.
...e a ilha continua um pandemónio.

2005-09-13

Obrigado (em islandês...)

Sigur Ros. Takk. 2005
Intenso. Vibrante. Arrebatador.

Rotação máxima.


Nine Inch Nails. With Teeth. 2005

Queens of the Stone Age. Songs for the Deaf. 2002

The Arcade Fire. Funeral. 2004

2005-09-04

Etapa # 5: Au revoir Belgique!

Bruxelas. 3ª região da Bélgica, elo apaziguador e unificador onde coexistem o neerlandês e o francês em sã convivência.
Bruxelas. Centro institucional da Europa, para o bem e para o mal enclausurada entre Paris, Londres e Berlim.
Bruxelas. Plataforma giratória, local de passagem.
Percebe-se com isto que não haja uma identidade vincada na capital, a meio caminho entre a metrópole autoritária e a pequena cidade voltada ao turismo, sem nunca conseguir ser alguma delas.
.
.
O característico orvalho e um cinzento e nublado céu acolheram-nos, como que a demonstrar que há tradições que ainda se vão mantendo.
O Atomium, monumento de referência, marco da exposição universal que aqui teve lugar em 1954, é o 1º ponto de paragem na cidade. Inserido em pleno Brupark, perde impacto devido às obras em curso no local. Zona envolvente não esconde a idade que tem e as obras serão a lavagem de cara necessária. O Estádio Rei Balduíno, antigo Heysel Park, traz à memória um célebre Liverpool-Juventus, a mais negra final de uma taça dos Campeões, que aconteceu há já 20 anos. A Mini-Europe transporta para o imaginário europeu o conceito Portugal dos Pequenitos. Escassez de tempo faz adiar a visita para um futuro de horizonte indefinido.
A Grand Place é a sala de visitas da cidade. Imponência e majestade.
O sol espreita tímido. Pesquisa local revela restaurantes gregos como a melhor opção para o almoço. Paredes decoradas pela sua recente grande alegria, nossa marcada desilusão, o Euro 2004.
A partida é marcada pela ausência de uma referência de vulto. O Manneken-Pis, famosa estátua do menino que, inocentemente, segura o instrumento revelador da sua masculinidade, símbolo de sorte e fortuna é, no entanto, bem recordado nos souvenirs que nos acompanham.
Antuérpia era, à partida, o destino seguinte. Uma cidade que vários relatos dão como a mais interessante da Bélgica, fica amargamente de fora da visita a este país, pois implicaria demorada escapadela ao norte do país, destino inverso ao que a viagem impõe.
O Luxemburgo afinal não é tão curto como consta e revela até paisagens e monumentos de grande agrado visual. O parque automóvel do grão-ducado recorda que estamos num território de grande poder económico. Este elevado nível de vida á cartão de visita bem transmitido para Portugal, como confirmamos pelos diversos sinais de que a portugalidade está aqui presente em grande escala.
A visita é curta mas agradável. O próximo passo será dado em Lyon. A França, de novo.

...Rock Werchter' 05 (Day 4)

03.Julho.2005
Último dia de festival. As anteriores tardes de sol valeram um escaldão. Decidimos arrumar as trouxas e abalar para Bruxelas logo que os R.E.M. o permitam. Tenda desfeita, quais sem abrigo, refugiamo-nos à sombra de uma esplanada a meio caminho do recinto, onde um animado grupo de holandeses ia fazendo a festa.
A entrada no recinto dá-se a meio da tarde, ainda os Keane se faziam ouvir. Para trás haviam já ficado, entre outros nomes, o dos Flogging Molly (recordistas de t-shirts ao longo dos últimos dias) e o dos Arsenal, 2 momentos que concerteza teriam merecido atenção. Boa hora para enfrentar a fila da ATM e estabelecer contactos com anónimas e circunstanciais companhias.
Os Soulwax jogavam em casa e não se deixaram surpreender. Ao lado iam levantando voo os Eagles of Death Metal. Power-rock puro e duro a antecipar, e bem, a chegada dos manos mais velhos, que se preparavam para tomar conta do palco principal.
Queens of the Stone Age. Grande performance. Boa adesão. Máquina bem oleada. Paredes de Coura iria ter oportunidade de o testemunhar.
A actuação dos Zita Swoon prometia e cumpria, mas o cansaço de 4 dias de rock transformava a relva do recinto num confortável e gigantesco sofá, partilhado por muitos milhares.
Eis que chega Dave Grohl. Sozinho faria a festa, mas a audiência faz questão de participar. Os Foo Fighters, versão live, são uma grande banda! Mais uma para o top five. Mais uma a correr para Paredes de Coura.
A banda que mais vezes tocou em Werchter é a escolhida para encerrar o festival, 20 anos passsados desde a 1ª presença, quando partilharam palco com os Ramones. A eles dedicam "Around the Sun". Os R.E.M. trazem os hits na bagagem. "Orange Crush", "The One I Love", "What's the Frequency Kenneth?", "Electrolite" e "Everybody Hurts" com coro de milhares de vozes. Para mim, tocaram "Drive". Componente forte na parte visual. Imagens exclusivas nos ecrãs laterais. Actuação intensa e sentida.
Se a banda sonora de entrada no festival foi "Love Will Tear Us Apart", para a despedida não fica nada mal "Losing my Religion". Adeus Werchter.

2005-08-28

...Rock Werchter' 05. Nine Inch Nails


NIN.Werchter.2005.07.02

* The Frail/ The Wretched * Wish * March of the pigs * The line begins to blur * Something I can never have * The hand that feeds * With teeth * Terrible lie * Burn * Closer * Gave up * Hurt * Head like a hole

...Rock Werchter' 05 (Day 3)

Indecisão é palavra de ordem. Se o dia anterior não prometia muito já neste as coisas eram diferentes. 16 bandas a tocar, 8 em cada palco. Prestações em simultâneo iam dar nisto. As más notícias chegavam. Os Mars Volta cancelaram toda a digressão europeia. Os Kaiser Chiefs foram desviados para o Live 8 que hoje tinha lugar. Os Interpol tocavam mais cedo, à mesma hora que os Nine Inch Nails...
Os Therapy iniciaram o dia ao mesmo tempo que os Trail of Death. Os Admiral Freebee prometiam, porém só a partir da prestação de Daan é que tenho legitimidade para opinar. As expectativas que existiam foram dissipadas quando, na viagem, ouvimos o album. "Girls on film" dos Duran Duran foi trunfo dispensável.
Os The Dears aqueceram a multidão para os Bloc Party. Destes, rock consistente. Secção ritmica sacada a Joy Division; guitarras a fazer lembrar Flaming Lips. Interessante e a merecer nova oportunidade.
Há bandas em Werchter que o cartaz omite. Joy Division no dia 1; Guns'n'Roses e Stone Temple Pilots no 2º; os Suede prometidos para o final do dia de hoje; para já os Soundgardem e os Rage Against the Machine, compilados sob o pseudónimo Audioslave.
"Spoonman" traz a saudade do grunge. A voz de Chris Cornell não está no melhor. Um arrasador "Bulls on a parade" faz-se ouvir em versão instrumental, antecedendo a grande surpresa: "Killing in the name of", o grande hino, o grande momento do festival. A intensidade não pode ser descrita.
O concerto tinha atrasado em 20/25 minutos os horários pré-defindos no palco principal. Hipótese para espreitar o início da prestação dos Interpol. Era antecipadamente uma das atracções com carimbo "a não perder", mas foi Trent Reznor quem me trouxe à Bélgica...
A tenda DJ ia debitando o electrizante "Seven Nation Army" dos White Stripes.
...
Era de facto uma noite especial. O dia em que muitos milhões vibravam com o que ia acontecendo no Live 8 era para mim o dia Nine Inch Nails, para o Vieira o dia Intepol e até para o amigo Juce era o dia Queen, que do Restelo entraram em directo para o meu telemóvel. Para a grande maioria dos presentes em Werchter era porém o dia Rammstein. Os germânicos aqui são grandes e acabam de golear os Green Day no campeonato da maior audiência. O som industrial/electrónico a roçar o básico tem a sua grande vitória. Espectáculo visual bastante conseguido. Encenação. Fogo. Explosões. Boa prestação.

...Rock Werchter' 05 (Day 2)

01.Julho.2005
O dia acorda soalheiro. Tempo para expôr o recheio da humilde habitação. Colchões, sacos cama, toalhas, roupa e o que mais houver.
O cartaz musical inicia-se, por aqui, por volta das 11h30/12h, madrugada se compararmos aos hábitos lusitanos. A ementa do dia não revela pratos prometedores antes das 17h pelo que aproveitamos para uma sesta retemperadora.
Os The Kills são a primeira atracção da menos entusiasmante jornada. 2 elementos em palco, homem e mulher, trazem à memória os óbvios White Stripes. O som cai mais para o lado Raveonettes, com laivos de Jesus & Mary Chain. Espreitadela aos Garbage. Pop competente e sensualidade de Shirley Manson não são suficientes para me cativar por muito tempo.
Velvet Revolver on stage. "Rock'n'Fuckin'Roll". Som Guns'n'Roses. Slash e Duff mantêm tiques de rock star. Scott Weiland, animal de palco conduzido por drogas, mais ou menos leves. Sem grandes consequências.
O grande concerto da noite estava a chegar. Todos à espera de Green Day. As minhas expectativas, moderadas, foram largamente superadas. Banda com 16 anos de muita rodagem e experiência de palco. Público na mão. Interactividade e javardice rock'n'roll. Para 4 fãs o momento foi mesmo inesquecível, pela partilha do palco e dos instrumentos. O nóvel guitarrista adoptou mesmo o souvenir que utilizara...
Elvis Costello no palco 2. Insoso. Intervalo alimentar.
Faithless. Insomnia. God is a DJ. 2 grandes momentos. Breve sequela dos Chemical Brothers. Até amanhã.

2005-08-21

Etapa # 4: Rock Werchter' 05 (Day 1)

30.Junho.2005
A manhã atribulada não constitui propriamente uma surpresa. Deixar o hotel até ao meio-dia é tarefa hercúlea superada com mérito. 20 km até ao recinto do festival. A chuva anfitriã deu tréguas pelo meio da tarde. Não resultou o compasso de espera para que a tenda se erguesse sem ajuda, pelo que deitamos mãos à obra quando os The Bravery haviam já iniciado as hostilidades 1 km mais à frente. Os New Order não se fizeram rogados e entraram logo a seguir, antes ainda de nos termos decidido a entrar na festa. Foi aos acordes iniciais de "Love Will Tear Us Apart" que se deu a nossa primeira abordagem ao recinto. Para recepção de boas vindas dificilmente poderiamos desejar melhor. "Temptation" e "Blue Monday" encerraram a prestação com ligeiro travo a desilusão. A postura live deixa algo a desejar e "Atmosphere" ficou na gaveta.
A pirâmide ali ao lado dava-nos música de uma forma mais reservada, mais próxima e mais calorosa. Era Roisin Murphy, a diva dos Moloko, quem fazia subir a temperatura. Primeira nota positiva.
Os Kraftwerk eram um projecto bastante ansiado pelos presentes. Electrónica com 30 anos e performance encenada com recurso a ecrã onde a projecção multimédia era tão actual como o MS-DOS que ainda lhe deve servir de base. A coerência não é posta em causa.
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Num festival iniciado em 1974 são notórios os apontamentos de boa organização. Desde cedo este facto salta à vista. A aproximação ao recinto foi efectuada sem filas ou problemas de trânsito. Muitos são os que chegam de bicicleta, esse veículo tão querido por estas paragens. Os parques de estacionamento são de boa dimensão e bem orientados. A entrada no campismo é controlada através de pulseiras. O percurso até ao recinto, onde só se circula a pé ou de bicicleta, é acompanhado de tendas e roulottes que vendem todo o tipo de comes e bebes, vestuário, artesanato e outras bugigangas. No recinto propriamente dito é enorme a variedade de alternativas alimentares. Fruta e leite são agradáveis surpresas neste tipo de eventos. As senhas pré-compradas evitam filas e confusão. Não se perde mais do que 2 minutos desde a vontade de comer até à satisfação desse desejo. Os palcos funcionam em simultâneo mas o som não se mistura. A imensidão de terreno relvado é convidativa nos momentos de pausa. Enormes mosaicos de plástico nas zonas frontais aos palcos impedem qualquer vestígio de poeiras. Casas de banho e urinóis são em número suficiente para os 70.000 festivaleiros presentes. Pormenores com a máxima importância.
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É meia noite. Os Chemical Brothers aprestam-se para entrar em palco. A multidão está em ebulição. Chapéus, casacos e impermeáveis não cumprem o objectivo de proteger da chuva que vai caindo copiosamente. “Hey Boy, Hey Girl” inicia a rave. “Galvanize” atinge o ponto máximo da loucura e euforia. 50.000 encharcados desafiam pneumonias. O ambiente é fantástico. O momento caminha para o épico.
A desistência do camarada Vieira foi provocada pela falta de prevenção para tamanho aguaceiro. O corpo gelado levou-o para a tenda à procura de um refúgio mais acolhedor. Puro engano. Saco cama, colchão e roupa completamente ensopados. O banco do carro serviu-lhe de cama por um dia. Eu tive mais sorte e os meus bens mantiveram-se à margem da intempérie. Por ali me mantive.

2005-08-15

Alvalade XXI. 2005.08.14 ...






Alvalade XXI. 2005.08.14 ..

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Vertigo
I Will Follow
Electric Co.
Elevation
New Year's Day
Beautiful Day
I Still Haven't Found (what I'm looking for)
City of Blinding Lights
Miracle Drug
Sometimes you Can't Make It On Your Own
Love and Peace or Else
Sunday Bloody Sunday
Bullet The Blue Sky
Miss Sarajevo
Pride (in the Name of Love)
Where the Streets Have No Name
One
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Zoo Station
The Fly
With or Without You
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All Because of You
Yahweh
40

Alvalade XXI. 2005.08.14 .

Por uma vez o recinto registou uma enchente. Por uma vez o visitante era ilustre. Por uma vez a equipa da casa portou-se à altura.

Mas, afinal, o que é um concerto de estádio?
A resposta é simples e resume-se a dois caracteres: U2.
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No auge era a ZooTV e um caricatural Mcphisto fazia um zapping furioso pela parafernália hi-tech que suportava um conceito. Era a aldeia global no seu todo, a confusão e a vertigem da vida alucinante que se vivia já, nos primórdios da mediatização da Internet e da massificação do telemóvel. Era o tempo em que a Televisão era ainda dona do mundo. Os contactos telefónicos para a Casa Branca ou para a telepizza mais próxima e a interacção vídeo com personalidades como Elvis, Lou Reed, MLK ou George Bush tornaram-se imagens de marca. Achtung Baby e Zooropa as obras primas. Era 93 e nada seria como dantes.

A PopMart juntou em 1997 o capitalismo com a cultura kitsch. O maior ecrã do mundo e um gigantesco limão transformado em nave espacial eram o expoente máximo da irónica grandiosidade de um marketing artificial. O ruído visual ainda reinava. A incompreensão apoderou-se de tal eloquência.

Uma ruptura com esta insanidade ou uma tentativa de regresso às origens, levaram a Elevation tour para recintos fechados. O concerto de estádio no seu formato indoor. O pseudo-intimismo era simulado pela ausência de céu aberto nas actuações. A simplicidade era falsa e aparente.

2005. Vertigo tour. O braço europeu tem o seu culminar em Portugal.
Lotação esgotada há meses. Expectativa reforçada pela ausência anterior. A componente política é mais forte do que nunca, resultado da intervenção social que vai sendo levada a cabo pelo líder da formação e que lhe valeram já a nomeação para o Nobel da paz. A proximidade entre público e banda acontece como não era possível no recinto que acolhera as 2 visitas anteriores. A ilusão de que de um pavilhão se trata é herança do Euro 2004.

Os hinos de sempre são mesclados com pinceladas dos rumos recentes. Do último “How to dismantle an atomic bomb” são sete as amostras. A base desta digressão é mantida, sempre com a sensação de estar a acontecer algo de mágico e único. A máquina U2 funciona. As novidades passam tão somente pela desconhecida faceta de percussionista demonstrada por quem normalmente comunica com a voz e pela demonstração de que são infundados os rumores que dão conta que essa mesma voz atingiu o prazo de validade, quando Luciano Pavarotti é substituído por um Bono tenor, na interpretação de Miss Sarajevo.
“Bad” continua na gaveta, assim como “All I want is you” e “Running to stand still”. “October”, “Zooropa” e “Pop” não são lembrados. No encore ressuscita a ZooTV. Para o final, a surpresa. Vertigo não teve, felizmente, direito a 2ª chamada, antes recaindo a opção num saudoso (e saudável!) “40”, com despedidas individuais e discretas, ficando o maior protagonismo para quem normalmente dele prescinde, o baterista Larry, último a abandonar o palco. Nos ouvidos uma mensagem ecoava. “How long to sing this song…”

Por uma vez uma multidão saiu satisfeita do Alvalade XXI...

2005-08-13

x.pr.mntl.soundz.of.a.gun

Uma noite simples. Mais do que uma simples noite.
O bar estava cheio de amigos.
A cabine de som ficava por conta do escriba e do comparsa Matvei.
As guitarras eram domadas pela dupla Shotgun Wedding, numa abordagem acústica e alternativa.
Do argumento fica o registo.

Massive Attack - Angel
Cowboy Junkies - Sweet Jane
The The - Dogs of Lust
Sonic Youth - Sugar Kane
Nine Inch Nails - The day the world went away
Air - Don´t be light
TV on the Radio - Staring at the Sun
Tricky - Black Steel
John Spencer Blues Explosion - Blue Green Olga
Boss Hog - What the Fuck
Soul Coughing - Super Bonbon (remix)
Morphine - Head With Wings
dEUS - Everybody's Weird
Nine Inch Nails - Only
Propellerheads - Crash!
Chemical Brothers - Galvanize
Chicks on Speed - We don't Play Guitars
Peaches - Teaches of Peaches
U2 - Love and Peace or Else
Underworld - Ess Gee
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THE.X.PR.MNTL.SHOTS.OF.THE.GUN live performance
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Nancy Sinatra - These boots are made for walking
Nick Cave - Ballad of Robert Moore and Betty Coltrane
Red House Painters - Song for a blue guitar
Velvet Underground - Sweet Jane
The Cure - In between days
Bauhaus - St. Vitus Dance
David Bowie - Ziggy Stardust
Futureheads - Meantime
White Stripes - The hardest button to button
Queens of the Stone Age - In my head
Pixies - Where is my mind
The National - Secret Meeting
Radiohead - Fake Plastic Trees
Pearl Jam - Given to Fly
Jeff Buckley - Grace
Porno for Pyros - Tahitian Moon
Smashing Pumpkins - Disarm
Pop dell'Arte - My funny Ana Lane
Radiohead - Lucky
Joy Division - Atmosphere

Um parêntesis na viagem.

O prato forte segue dentro de momentos...

2005-08-12

Etapa # 3: a Valónia e a Flandres.

2 irmãs. De mãos dadas, às vezes. Sem se olharem de frente, outras. Cada uma a sua personalidade. Cada qual com seus amigos. Em ambas o mesmo traço. A Bélgica.

Era pois hora de conhecer um novo país. 28 de Junho de 2005. A saída de Paris não apontava destino definido. O decorrer da viagem indicaria o local de repouso. Mons ganhou a corrida, debaixo de tempestade. Chuva intensa. Calor abrasador.



Nesta pequena cidade as pedras parecem querer falar. Os edifícios estabelecem um diálogo entre si. As ruas são feitas à medida dos peões. Seguimos então a pé.
Almoço agradável na Grand Place da cidade. Gastronomia belga recomenda-se.

A tarde não nos iria levar muito longe. Bruxelas a dois passos. Werchter logo após.
A transição entre as regiões faz-se notar. As indicações começam a ser imperceptíveis. O francês deixou de ser opção. Os diálogos estabelecem-se agora em inglês.
Optámos por Leuven. Boa escolha.
Cidade universitária em período de férias, nem por isso deixa de ter o seu encanto. Um solitário passeio pelas ruas da cidade revela uma catedral encantadora, trabalhada em todos os seus pormenores.


Para o jantar estava reservada a surpresa. “O Fado” projecta-se aos nossos olhos. A língua de Camões voltava a fazer-se ouvir. O paladar luso era relembrado O Rui, alentejano de Aljustrel, fazia questão de não nos deixar esquecer o quão rico é o Vinho do Porto. O Luís, super dragão de Bruxelas, ás vezes vizinho do velho Estádio das Antas comparece à chamada, trazendo mais 2 amigos. O Rui não gosta de copos vazios. Nós esforçamo-nos por contrariá-lo. A noite está lançada.

O Brasil ganhou a taça das confederações. Mais importante, goleou os rivais de sempre, os vizinhos argentinos. Um aglomerado verde e amarelo vai animando a sala de visitas da cidade, a praça onde acabamos por permanecer.
A festa estava para durar, mas era nossa intenção deixar cedo o hotel na manhã que se avizinhava. Um bar de karaoke acabou de uma vez por todas com as pretensões. Teenagers made in China faziam valer os seus (poucos) créditos na interpretação de hits sub-18. Um grupo de belgas de Brugges fazia subir um pouco o nível. 2 alegres portugueses tomaram conta do palco. Apareceram os U2, os Pixies e os Pearl Jam. Até “the Voice” marcou presença. Amizades várias foram registadas. Até uma fã fez questão de partilhar o palco com tão ilustres visitantes.

Debaixo da luz do Sol, a porta do hotel abriu-se à mesma hora que era suposto fechar-se. Uma simples questão de perspectiva. O dia 30 prometia não ser fácil.

2005-08-09

Etapa # 2: 24 horas na cidade-luz.


O termómetro assinalava 38º ao mesmo tempo que a famosa torre se elevava perante os nossos olhos. Estamos a entar em Paris e a tarde de 27 chega ao seu final.
Saciados pela forma com que a nossa visão ia sendo alimentada, a Porte de Passy foi ultrapassada, sem rumo definido, de forma relaxada. Afinal, pela primeira (e única) vez ao longo da viagem tinhamo-nos antecipado à procura tardia de um leito para fazer descansar os corpos fatigados. A reserva havia sido efectuada nessa manhã, à curta distância de um click, à enorme distância de uma perspectiva global. La Chapelle não era, de todo, a melhor escolha. Periferia. 18eme arrondissement. Bairro degradado. Inquietude. Insegurança. Tensão crescente.
Reserva anulada, seguimos para o centro. La République. Preços menos convidativos. Hotéis lotados. Mau bocado. Era já o início da madrugada de 28, quando a sorte voltou a sorrir-nos. Só agora nos apercebemos que se passaram já cerca de 12 horas desde a última refeição. De volta à rua, um tasco magrebino fez a vez de um três estrelas do guia Michelin. Mas dormimos sossegados.

Nasceu o dia e uma só solução parecia fazer sentido. Sendo tão escassas as horas disponíveis para palmear tão grande metrópole, o city tour bus era a mais indicada alternativa. Entrámos a bordo, pois então.
Pigalle e o Moulin Rouge foram a primeira paragem. Da Nicole Kidman nem sinal, mas os turistas, esses eram mais que muitos. Máquinas fotográficas em punho, nada escapava a tão predadoras objectivas.
O Sacré-Coeur antes da Opéra. Les Grands Magasins e La Madeleine. O Louvre no horizonte.

Até Notre-Dame o roteiro foi pedestre. Tempo para reforço alimentar e para o relembrar das diferenças provocadas e proporcionadas pelo poder económico, quando por uma simples cola o ticket assinala 4,50€. Na catedral, tempo de reflexão, momento de pausa, o debate solitário de questões interiores.

O nosso meio de transporte do dia coloca-nos de novo no percurso da descoberta. La Concorde assinala o início dos Champs-Elysées. O Arc de Triomphe, memória dos feitos militares de Napoleão, ergue-se no topo de tão emblemática avenida. O Trocadéro é o último reduto antes do símbolo maior da cidade e da pátria.

Começa já a escassear o tempo cronológico e a piorar o tempo meteorológico. Subir ao alto dos seus incontáveis degraus fica concerteza para outras núpcias. Por agora degustamos unicamente a perspectiva visual. O instantâneo fotográfico projecta hoje o logótipo da falhada candidatura aos Jogos Olímpicos de 2012. Toda a cidade vive o acontecimento. Uma semana depois as lágrimas cairiam.

A partir deste momento Paris começa a fazer parte do passado. O que não quer dizer que morreu.

2005-08-06

Etapa # 1: on the road to Paris.

Saímos de Paços de Ferreira.

Como companheiro de viagem um entusiasmado JCVieira.
Estamos a 25 de Junho.
Rumo à estrada. O tempo é relativo.

Vila Real e Chaves os apeadeiros lusitanos. Espanha começa aqui.

Puebla de Sanabria torna-se porto de abrigo circunstancial. E ainda bem.
Pequena povoação inserida em fortaleza. Quantas histórias não guardará?
Galegos afáveis. A marca nacional ainda se faz notar.

A caminho de Burgos a nossa auto-caravana transforma-se em discoteca, escritório ou sala de jantar à medida das necessidades. A música é presença obrigatória para 2 audiófilos crónicos. O plano de viagem vai sendo delineado ao sabor das disposições.


Bilbao na manhã de 26. O almoço com vista sobre o Guggenheim. Sensação de privilégio.

San Sebastian. Irun. Biarritz na entrada de França.
Destino turístico; domingo de praia; trânsito óbvio.

Bordéus é a próxima estação.
Feira gastronómica vem mesmo a calhar.
O vinho da região faz as honras da casa e nós não nos fazemos rogados.
Gente nas ruas. Cidade em movimento.
Mulheres bonitas.







Angoulême acorda-nos a 27. Em Poitiers baterias carregadas. A arquitectura típica francesa acompanha-nos. O Futuroscope de passagem. Paris vem aí!

Prólogo.

Europa.
Esse monstro social e cultural. Essa manta de retalhos repleta de história. Esse fascinio imenso.
Um inter-rail sistematicamente adiado, algo que ficou por cumprir.
Os dias são agora outros. As expectativas e ambições vão sendo alteradas pelo destino.

Um filme fez despertar uma vontade. Os "diarios de la motocicleta" recuperam o desejo de uma viagem de rumo errático. Um concerto no coração da Europa pode ser um bom pretexto para simular, na versão 2005, um imaginario que havia já hibernado sem hora marcada para acordar.

A viagem é feita de carro. A palavra moturista existe?

Um bom tópico para desbravar caminho...

"Animado, talvez, pela frescura e vivacidade de uma viagem recente. Daquelas que reanimam o espírito. Daquelas que ressuscitam mesmo a alma mais entorpecida pelo contrato social que nos força à monotonia da repetição de dias ocos."
Férias. Essa palavra tão abrangente, tão diversificada, tão ansiada.
Para muitos, a maioria, é no entanto tão limitada ao ponto de ter só um e único significado: praia. Corpos a torrar ao sol, qual desporto radical que desafia as leis da natureza e pinta a derme desse bronzeado sazonal e identificativo de ritual cumprido.
Para esses não faz qualquer sentido a aventura, o desafio, a curiosidade, a cultura, a experiência, a descoberta, a história e as estórias. Não estou com a maioria.
O "contrato social" permitiu 3 semanas de costas voltadas para a "monotonia dos dias ocos".
Felizmente bem espremidas. Inevitavelmente já finalizadas.
Ficam as memórias. Fico mais rico.

2005-08-04

Bom dia!

exteriorizar introversões.
gostei do mote.
o bichinho já cá andava, prontinho para sair.
sai hoje à rua pela primeira vez.
virgem. imberbe. puro.