2005-08-09

Etapa # 2: 24 horas na cidade-luz.


O termómetro assinalava 38º ao mesmo tempo que a famosa torre se elevava perante os nossos olhos. Estamos a entar em Paris e a tarde de 27 chega ao seu final.
Saciados pela forma com que a nossa visão ia sendo alimentada, a Porte de Passy foi ultrapassada, sem rumo definido, de forma relaxada. Afinal, pela primeira (e única) vez ao longo da viagem tinhamo-nos antecipado à procura tardia de um leito para fazer descansar os corpos fatigados. A reserva havia sido efectuada nessa manhã, à curta distância de um click, à enorme distância de uma perspectiva global. La Chapelle não era, de todo, a melhor escolha. Periferia. 18eme arrondissement. Bairro degradado. Inquietude. Insegurança. Tensão crescente.
Reserva anulada, seguimos para o centro. La République. Preços menos convidativos. Hotéis lotados. Mau bocado. Era já o início da madrugada de 28, quando a sorte voltou a sorrir-nos. Só agora nos apercebemos que se passaram já cerca de 12 horas desde a última refeição. De volta à rua, um tasco magrebino fez a vez de um três estrelas do guia Michelin. Mas dormimos sossegados.

Nasceu o dia e uma só solução parecia fazer sentido. Sendo tão escassas as horas disponíveis para palmear tão grande metrópole, o city tour bus era a mais indicada alternativa. Entrámos a bordo, pois então.
Pigalle e o Moulin Rouge foram a primeira paragem. Da Nicole Kidman nem sinal, mas os turistas, esses eram mais que muitos. Máquinas fotográficas em punho, nada escapava a tão predadoras objectivas.
O Sacré-Coeur antes da Opéra. Les Grands Magasins e La Madeleine. O Louvre no horizonte.

Até Notre-Dame o roteiro foi pedestre. Tempo para reforço alimentar e para o relembrar das diferenças provocadas e proporcionadas pelo poder económico, quando por uma simples cola o ticket assinala 4,50€. Na catedral, tempo de reflexão, momento de pausa, o debate solitário de questões interiores.

O nosso meio de transporte do dia coloca-nos de novo no percurso da descoberta. La Concorde assinala o início dos Champs-Elysées. O Arc de Triomphe, memória dos feitos militares de Napoleão, ergue-se no topo de tão emblemática avenida. O Trocadéro é o último reduto antes do símbolo maior da cidade e da pátria.

Começa já a escassear o tempo cronológico e a piorar o tempo meteorológico. Subir ao alto dos seus incontáveis degraus fica concerteza para outras núpcias. Por agora degustamos unicamente a perspectiva visual. O instantâneo fotográfico projecta hoje o logótipo da falhada candidatura aos Jogos Olímpicos de 2012. Toda a cidade vive o acontecimento. Uma semana depois as lágrimas cairiam.

A partir deste momento Paris começa a fazer parte do passado. O que não quer dizer que morreu.

Sem comentários: