30.Junho.2005
A manhã atribulada não constitui propriamente uma surpresa. Deixar o hotel até ao meio-dia é tarefa hercúlea superada com mérito. 20 km até ao recinto do festival. A chuva anfitriã deu tréguas pelo meio da tarde. Não resultou o compasso de espera para que a tenda se erguesse sem ajuda, pelo que deitamos mãos à obra quando os The Bravery haviam já iniciado as hostilidades 1 km mais à frente. Os New Order não se fizeram rogados e entraram logo a seguir, antes ainda de nos termos decidido a entrar na festa. Foi aos acordes iniciais de "Love Will Tear Us Apart" que se deu a nossa primeira abordagem ao recinto. Para recepção de boas vindas dificilmente poderiamos desejar melhor. "Temptation" e "Blue Monday" encerraram a prestação com ligeiro travo a desilusão. A postura live deixa algo a desejar e "Atmosphere" ficou na gaveta.
A pirâmide ali ao lado dava-nos música de uma forma mais reservada, mais próxima e mais calorosa. Era Roisin Murphy, a diva dos Moloko, quem fazia subir a temperatura. Primeira nota positiva.
Os Kraftwerk eram um projecto bastante ansiado pelos presentes. Electrónica com 30 anos e performance encenada com recurso a ecrã onde a projecção multimédia era tão actual como o MS-DOS que ainda lhe deve servir de base. A coerência não é posta em causa.
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Num festival iniciado em 1974 são notórios os apontamentos de boa organização. Desde cedo este facto salta à vista. A aproximação ao recinto foi efectuada sem filas ou problemas de trânsito. Muitos são os que chegam de bicicleta, esse veículo tão querido por estas paragens. Os parques de estacionamento são de boa dimensão e bem orientados. A entrada no campismo é controlada através de pulseiras. O percurso até ao recinto, onde só se circula a pé ou de bicicleta, é acompanhado de tendas e roulottes que vendem todo o tipo de comes e bebes, vestuário, artesanato e outras bugigangas. No recinto propriamente dito é enorme a variedade de alternativas alimentares. Fruta e leite são agradáveis surpresas neste tipo de eventos. As senhas pré-compradas evitam filas e confusão. Não se perde mais do que 2 minutos desde a vontade de comer até à satisfação desse desejo. Os palcos funcionam em simultâneo mas o som não se mistura. A imensidão de terreno relvado é convidativa nos momentos de pausa. Enormes mosaicos de plástico nas zonas frontais aos palcos impedem qualquer vestígio de poeiras. Casas de banho e urinóis são em número suficiente para os 70.000 festivaleiros presentes. Pormenores com a máxima importância.
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É meia noite. Os Chemical Brothers aprestam-se para entrar em palco. A multidão está em ebulição. Chapéus, casacos e impermeáveis não cumprem o objectivo de proteger da chuva que vai caindo copiosamente. “Hey Boy, Hey Girl” inicia a rave. “Galvanize” atinge o ponto máximo da loucura e euforia. 50.000 encharcados desafiam pneumonias. O ambiente é fantástico. O momento caminha para o épico.
A desistência do camarada Vieira foi provocada pela falta de prevenção para tamanho aguaceiro. O corpo gelado levou-o para a tenda à procura de um refúgio mais acolhedor. Puro engano. Saco cama, colchão e roupa completamente ensopados. O banco do carro serviu-lhe de cama por um dia. Eu tive mais sorte e os meus bens mantiveram-se à margem da intempérie. Por ali me mantive.
A desistência do camarada Vieira foi provocada pela falta de prevenção para tamanho aguaceiro. O corpo gelado levou-o para a tenda à procura de um refúgio mais acolhedor. Puro engano. Saco cama, colchão e roupa completamente ensopados. O banco do carro serviu-lhe de cama por um dia. Eu tive mais sorte e os meus bens mantiveram-se à margem da intempérie. Por ali me mantive.
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