2005-08-28

...Rock Werchter' 05. Nine Inch Nails


NIN.Werchter.2005.07.02

* The Frail/ The Wretched * Wish * March of the pigs * The line begins to blur * Something I can never have * The hand that feeds * With teeth * Terrible lie * Burn * Closer * Gave up * Hurt * Head like a hole

...Rock Werchter' 05 (Day 3)

Indecisão é palavra de ordem. Se o dia anterior não prometia muito já neste as coisas eram diferentes. 16 bandas a tocar, 8 em cada palco. Prestações em simultâneo iam dar nisto. As más notícias chegavam. Os Mars Volta cancelaram toda a digressão europeia. Os Kaiser Chiefs foram desviados para o Live 8 que hoje tinha lugar. Os Interpol tocavam mais cedo, à mesma hora que os Nine Inch Nails...
Os Therapy iniciaram o dia ao mesmo tempo que os Trail of Death. Os Admiral Freebee prometiam, porém só a partir da prestação de Daan é que tenho legitimidade para opinar. As expectativas que existiam foram dissipadas quando, na viagem, ouvimos o album. "Girls on film" dos Duran Duran foi trunfo dispensável.
Os The Dears aqueceram a multidão para os Bloc Party. Destes, rock consistente. Secção ritmica sacada a Joy Division; guitarras a fazer lembrar Flaming Lips. Interessante e a merecer nova oportunidade.
Há bandas em Werchter que o cartaz omite. Joy Division no dia 1; Guns'n'Roses e Stone Temple Pilots no 2º; os Suede prometidos para o final do dia de hoje; para já os Soundgardem e os Rage Against the Machine, compilados sob o pseudónimo Audioslave.
"Spoonman" traz a saudade do grunge. A voz de Chris Cornell não está no melhor. Um arrasador "Bulls on a parade" faz-se ouvir em versão instrumental, antecedendo a grande surpresa: "Killing in the name of", o grande hino, o grande momento do festival. A intensidade não pode ser descrita.
O concerto tinha atrasado em 20/25 minutos os horários pré-defindos no palco principal. Hipótese para espreitar o início da prestação dos Interpol. Era antecipadamente uma das atracções com carimbo "a não perder", mas foi Trent Reznor quem me trouxe à Bélgica...
A tenda DJ ia debitando o electrizante "Seven Nation Army" dos White Stripes.
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Era de facto uma noite especial. O dia em que muitos milhões vibravam com o que ia acontecendo no Live 8 era para mim o dia Nine Inch Nails, para o Vieira o dia Intepol e até para o amigo Juce era o dia Queen, que do Restelo entraram em directo para o meu telemóvel. Para a grande maioria dos presentes em Werchter era porém o dia Rammstein. Os germânicos aqui são grandes e acabam de golear os Green Day no campeonato da maior audiência. O som industrial/electrónico a roçar o básico tem a sua grande vitória. Espectáculo visual bastante conseguido. Encenação. Fogo. Explosões. Boa prestação.

...Rock Werchter' 05 (Day 2)

01.Julho.2005
O dia acorda soalheiro. Tempo para expôr o recheio da humilde habitação. Colchões, sacos cama, toalhas, roupa e o que mais houver.
O cartaz musical inicia-se, por aqui, por volta das 11h30/12h, madrugada se compararmos aos hábitos lusitanos. A ementa do dia não revela pratos prometedores antes das 17h pelo que aproveitamos para uma sesta retemperadora.
Os The Kills são a primeira atracção da menos entusiasmante jornada. 2 elementos em palco, homem e mulher, trazem à memória os óbvios White Stripes. O som cai mais para o lado Raveonettes, com laivos de Jesus & Mary Chain. Espreitadela aos Garbage. Pop competente e sensualidade de Shirley Manson não são suficientes para me cativar por muito tempo.
Velvet Revolver on stage. "Rock'n'Fuckin'Roll". Som Guns'n'Roses. Slash e Duff mantêm tiques de rock star. Scott Weiland, animal de palco conduzido por drogas, mais ou menos leves. Sem grandes consequências.
O grande concerto da noite estava a chegar. Todos à espera de Green Day. As minhas expectativas, moderadas, foram largamente superadas. Banda com 16 anos de muita rodagem e experiência de palco. Público na mão. Interactividade e javardice rock'n'roll. Para 4 fãs o momento foi mesmo inesquecível, pela partilha do palco e dos instrumentos. O nóvel guitarrista adoptou mesmo o souvenir que utilizara...
Elvis Costello no palco 2. Insoso. Intervalo alimentar.
Faithless. Insomnia. God is a DJ. 2 grandes momentos. Breve sequela dos Chemical Brothers. Até amanhã.

2005-08-21

Etapa # 4: Rock Werchter' 05 (Day 1)

30.Junho.2005
A manhã atribulada não constitui propriamente uma surpresa. Deixar o hotel até ao meio-dia é tarefa hercúlea superada com mérito. 20 km até ao recinto do festival. A chuva anfitriã deu tréguas pelo meio da tarde. Não resultou o compasso de espera para que a tenda se erguesse sem ajuda, pelo que deitamos mãos à obra quando os The Bravery haviam já iniciado as hostilidades 1 km mais à frente. Os New Order não se fizeram rogados e entraram logo a seguir, antes ainda de nos termos decidido a entrar na festa. Foi aos acordes iniciais de "Love Will Tear Us Apart" que se deu a nossa primeira abordagem ao recinto. Para recepção de boas vindas dificilmente poderiamos desejar melhor. "Temptation" e "Blue Monday" encerraram a prestação com ligeiro travo a desilusão. A postura live deixa algo a desejar e "Atmosphere" ficou na gaveta.
A pirâmide ali ao lado dava-nos música de uma forma mais reservada, mais próxima e mais calorosa. Era Roisin Murphy, a diva dos Moloko, quem fazia subir a temperatura. Primeira nota positiva.
Os Kraftwerk eram um projecto bastante ansiado pelos presentes. Electrónica com 30 anos e performance encenada com recurso a ecrã onde a projecção multimédia era tão actual como o MS-DOS que ainda lhe deve servir de base. A coerência não é posta em causa.
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Num festival iniciado em 1974 são notórios os apontamentos de boa organização. Desde cedo este facto salta à vista. A aproximação ao recinto foi efectuada sem filas ou problemas de trânsito. Muitos são os que chegam de bicicleta, esse veículo tão querido por estas paragens. Os parques de estacionamento são de boa dimensão e bem orientados. A entrada no campismo é controlada através de pulseiras. O percurso até ao recinto, onde só se circula a pé ou de bicicleta, é acompanhado de tendas e roulottes que vendem todo o tipo de comes e bebes, vestuário, artesanato e outras bugigangas. No recinto propriamente dito é enorme a variedade de alternativas alimentares. Fruta e leite são agradáveis surpresas neste tipo de eventos. As senhas pré-compradas evitam filas e confusão. Não se perde mais do que 2 minutos desde a vontade de comer até à satisfação desse desejo. Os palcos funcionam em simultâneo mas o som não se mistura. A imensidão de terreno relvado é convidativa nos momentos de pausa. Enormes mosaicos de plástico nas zonas frontais aos palcos impedem qualquer vestígio de poeiras. Casas de banho e urinóis são em número suficiente para os 70.000 festivaleiros presentes. Pormenores com a máxima importância.
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É meia noite. Os Chemical Brothers aprestam-se para entrar em palco. A multidão está em ebulição. Chapéus, casacos e impermeáveis não cumprem o objectivo de proteger da chuva que vai caindo copiosamente. “Hey Boy, Hey Girl” inicia a rave. “Galvanize” atinge o ponto máximo da loucura e euforia. 50.000 encharcados desafiam pneumonias. O ambiente é fantástico. O momento caminha para o épico.
A desistência do camarada Vieira foi provocada pela falta de prevenção para tamanho aguaceiro. O corpo gelado levou-o para a tenda à procura de um refúgio mais acolhedor. Puro engano. Saco cama, colchão e roupa completamente ensopados. O banco do carro serviu-lhe de cama por um dia. Eu tive mais sorte e os meus bens mantiveram-se à margem da intempérie. Por ali me mantive.

2005-08-15

Alvalade XXI. 2005.08.14 ...






Alvalade XXI. 2005.08.14 ..

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Vertigo
I Will Follow
Electric Co.
Elevation
New Year's Day
Beautiful Day
I Still Haven't Found (what I'm looking for)
City of Blinding Lights
Miracle Drug
Sometimes you Can't Make It On Your Own
Love and Peace or Else
Sunday Bloody Sunday
Bullet The Blue Sky
Miss Sarajevo
Pride (in the Name of Love)
Where the Streets Have No Name
One
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Zoo Station
The Fly
With or Without You
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All Because of You
Yahweh
40

Alvalade XXI. 2005.08.14 .

Por uma vez o recinto registou uma enchente. Por uma vez o visitante era ilustre. Por uma vez a equipa da casa portou-se à altura.

Mas, afinal, o que é um concerto de estádio?
A resposta é simples e resume-se a dois caracteres: U2.
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No auge era a ZooTV e um caricatural Mcphisto fazia um zapping furioso pela parafernália hi-tech que suportava um conceito. Era a aldeia global no seu todo, a confusão e a vertigem da vida alucinante que se vivia já, nos primórdios da mediatização da Internet e da massificação do telemóvel. Era o tempo em que a Televisão era ainda dona do mundo. Os contactos telefónicos para a Casa Branca ou para a telepizza mais próxima e a interacção vídeo com personalidades como Elvis, Lou Reed, MLK ou George Bush tornaram-se imagens de marca. Achtung Baby e Zooropa as obras primas. Era 93 e nada seria como dantes.

A PopMart juntou em 1997 o capitalismo com a cultura kitsch. O maior ecrã do mundo e um gigantesco limão transformado em nave espacial eram o expoente máximo da irónica grandiosidade de um marketing artificial. O ruído visual ainda reinava. A incompreensão apoderou-se de tal eloquência.

Uma ruptura com esta insanidade ou uma tentativa de regresso às origens, levaram a Elevation tour para recintos fechados. O concerto de estádio no seu formato indoor. O pseudo-intimismo era simulado pela ausência de céu aberto nas actuações. A simplicidade era falsa e aparente.

2005. Vertigo tour. O braço europeu tem o seu culminar em Portugal.
Lotação esgotada há meses. Expectativa reforçada pela ausência anterior. A componente política é mais forte do que nunca, resultado da intervenção social que vai sendo levada a cabo pelo líder da formação e que lhe valeram já a nomeação para o Nobel da paz. A proximidade entre público e banda acontece como não era possível no recinto que acolhera as 2 visitas anteriores. A ilusão de que de um pavilhão se trata é herança do Euro 2004.

Os hinos de sempre são mesclados com pinceladas dos rumos recentes. Do último “How to dismantle an atomic bomb” são sete as amostras. A base desta digressão é mantida, sempre com a sensação de estar a acontecer algo de mágico e único. A máquina U2 funciona. As novidades passam tão somente pela desconhecida faceta de percussionista demonstrada por quem normalmente comunica com a voz e pela demonstração de que são infundados os rumores que dão conta que essa mesma voz atingiu o prazo de validade, quando Luciano Pavarotti é substituído por um Bono tenor, na interpretação de Miss Sarajevo.
“Bad” continua na gaveta, assim como “All I want is you” e “Running to stand still”. “October”, “Zooropa” e “Pop” não são lembrados. No encore ressuscita a ZooTV. Para o final, a surpresa. Vertigo não teve, felizmente, direito a 2ª chamada, antes recaindo a opção num saudoso (e saudável!) “40”, com despedidas individuais e discretas, ficando o maior protagonismo para quem normalmente dele prescinde, o baterista Larry, último a abandonar o palco. Nos ouvidos uma mensagem ecoava. “How long to sing this song…”

Por uma vez uma multidão saiu satisfeita do Alvalade XXI...

2005-08-13

x.pr.mntl.soundz.of.a.gun

Uma noite simples. Mais do que uma simples noite.
O bar estava cheio de amigos.
A cabine de som ficava por conta do escriba e do comparsa Matvei.
As guitarras eram domadas pela dupla Shotgun Wedding, numa abordagem acústica e alternativa.
Do argumento fica o registo.

Massive Attack - Angel
Cowboy Junkies - Sweet Jane
The The - Dogs of Lust
Sonic Youth - Sugar Kane
Nine Inch Nails - The day the world went away
Air - Don´t be light
TV on the Radio - Staring at the Sun
Tricky - Black Steel
John Spencer Blues Explosion - Blue Green Olga
Boss Hog - What the Fuck
Soul Coughing - Super Bonbon (remix)
Morphine - Head With Wings
dEUS - Everybody's Weird
Nine Inch Nails - Only
Propellerheads - Crash!
Chemical Brothers - Galvanize
Chicks on Speed - We don't Play Guitars
Peaches - Teaches of Peaches
U2 - Love and Peace or Else
Underworld - Ess Gee
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THE.X.PR.MNTL.SHOTS.OF.THE.GUN live performance
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Nancy Sinatra - These boots are made for walking
Nick Cave - Ballad of Robert Moore and Betty Coltrane
Red House Painters - Song for a blue guitar
Velvet Underground - Sweet Jane
The Cure - In between days
Bauhaus - St. Vitus Dance
David Bowie - Ziggy Stardust
Futureheads - Meantime
White Stripes - The hardest button to button
Queens of the Stone Age - In my head
Pixies - Where is my mind
The National - Secret Meeting
Radiohead - Fake Plastic Trees
Pearl Jam - Given to Fly
Jeff Buckley - Grace
Porno for Pyros - Tahitian Moon
Smashing Pumpkins - Disarm
Pop dell'Arte - My funny Ana Lane
Radiohead - Lucky
Joy Division - Atmosphere

Um parêntesis na viagem.

O prato forte segue dentro de momentos...

2005-08-12

Etapa # 3: a Valónia e a Flandres.

2 irmãs. De mãos dadas, às vezes. Sem se olharem de frente, outras. Cada uma a sua personalidade. Cada qual com seus amigos. Em ambas o mesmo traço. A Bélgica.

Era pois hora de conhecer um novo país. 28 de Junho de 2005. A saída de Paris não apontava destino definido. O decorrer da viagem indicaria o local de repouso. Mons ganhou a corrida, debaixo de tempestade. Chuva intensa. Calor abrasador.



Nesta pequena cidade as pedras parecem querer falar. Os edifícios estabelecem um diálogo entre si. As ruas são feitas à medida dos peões. Seguimos então a pé.
Almoço agradável na Grand Place da cidade. Gastronomia belga recomenda-se.

A tarde não nos iria levar muito longe. Bruxelas a dois passos. Werchter logo após.
A transição entre as regiões faz-se notar. As indicações começam a ser imperceptíveis. O francês deixou de ser opção. Os diálogos estabelecem-se agora em inglês.
Optámos por Leuven. Boa escolha.
Cidade universitária em período de férias, nem por isso deixa de ter o seu encanto. Um solitário passeio pelas ruas da cidade revela uma catedral encantadora, trabalhada em todos os seus pormenores.


Para o jantar estava reservada a surpresa. “O Fado” projecta-se aos nossos olhos. A língua de Camões voltava a fazer-se ouvir. O paladar luso era relembrado O Rui, alentejano de Aljustrel, fazia questão de não nos deixar esquecer o quão rico é o Vinho do Porto. O Luís, super dragão de Bruxelas, ás vezes vizinho do velho Estádio das Antas comparece à chamada, trazendo mais 2 amigos. O Rui não gosta de copos vazios. Nós esforçamo-nos por contrariá-lo. A noite está lançada.

O Brasil ganhou a taça das confederações. Mais importante, goleou os rivais de sempre, os vizinhos argentinos. Um aglomerado verde e amarelo vai animando a sala de visitas da cidade, a praça onde acabamos por permanecer.
A festa estava para durar, mas era nossa intenção deixar cedo o hotel na manhã que se avizinhava. Um bar de karaoke acabou de uma vez por todas com as pretensões. Teenagers made in China faziam valer os seus (poucos) créditos na interpretação de hits sub-18. Um grupo de belgas de Brugges fazia subir um pouco o nível. 2 alegres portugueses tomaram conta do palco. Apareceram os U2, os Pixies e os Pearl Jam. Até “the Voice” marcou presença. Amizades várias foram registadas. Até uma fã fez questão de partilhar o palco com tão ilustres visitantes.

Debaixo da luz do Sol, a porta do hotel abriu-se à mesma hora que era suposto fechar-se. Uma simples questão de perspectiva. O dia 30 prometia não ser fácil.

2005-08-09

Etapa # 2: 24 horas na cidade-luz.


O termómetro assinalava 38º ao mesmo tempo que a famosa torre se elevava perante os nossos olhos. Estamos a entar em Paris e a tarde de 27 chega ao seu final.
Saciados pela forma com que a nossa visão ia sendo alimentada, a Porte de Passy foi ultrapassada, sem rumo definido, de forma relaxada. Afinal, pela primeira (e única) vez ao longo da viagem tinhamo-nos antecipado à procura tardia de um leito para fazer descansar os corpos fatigados. A reserva havia sido efectuada nessa manhã, à curta distância de um click, à enorme distância de uma perspectiva global. La Chapelle não era, de todo, a melhor escolha. Periferia. 18eme arrondissement. Bairro degradado. Inquietude. Insegurança. Tensão crescente.
Reserva anulada, seguimos para o centro. La République. Preços menos convidativos. Hotéis lotados. Mau bocado. Era já o início da madrugada de 28, quando a sorte voltou a sorrir-nos. Só agora nos apercebemos que se passaram já cerca de 12 horas desde a última refeição. De volta à rua, um tasco magrebino fez a vez de um três estrelas do guia Michelin. Mas dormimos sossegados.

Nasceu o dia e uma só solução parecia fazer sentido. Sendo tão escassas as horas disponíveis para palmear tão grande metrópole, o city tour bus era a mais indicada alternativa. Entrámos a bordo, pois então.
Pigalle e o Moulin Rouge foram a primeira paragem. Da Nicole Kidman nem sinal, mas os turistas, esses eram mais que muitos. Máquinas fotográficas em punho, nada escapava a tão predadoras objectivas.
O Sacré-Coeur antes da Opéra. Les Grands Magasins e La Madeleine. O Louvre no horizonte.

Até Notre-Dame o roteiro foi pedestre. Tempo para reforço alimentar e para o relembrar das diferenças provocadas e proporcionadas pelo poder económico, quando por uma simples cola o ticket assinala 4,50€. Na catedral, tempo de reflexão, momento de pausa, o debate solitário de questões interiores.

O nosso meio de transporte do dia coloca-nos de novo no percurso da descoberta. La Concorde assinala o início dos Champs-Elysées. O Arc de Triomphe, memória dos feitos militares de Napoleão, ergue-se no topo de tão emblemática avenida. O Trocadéro é o último reduto antes do símbolo maior da cidade e da pátria.

Começa já a escassear o tempo cronológico e a piorar o tempo meteorológico. Subir ao alto dos seus incontáveis degraus fica concerteza para outras núpcias. Por agora degustamos unicamente a perspectiva visual. O instantâneo fotográfico projecta hoje o logótipo da falhada candidatura aos Jogos Olímpicos de 2012. Toda a cidade vive o acontecimento. Uma semana depois as lágrimas cairiam.

A partir deste momento Paris começa a fazer parte do passado. O que não quer dizer que morreu.

2005-08-06

Etapa # 1: on the road to Paris.

Saímos de Paços de Ferreira.

Como companheiro de viagem um entusiasmado JCVieira.
Estamos a 25 de Junho.
Rumo à estrada. O tempo é relativo.

Vila Real e Chaves os apeadeiros lusitanos. Espanha começa aqui.

Puebla de Sanabria torna-se porto de abrigo circunstancial. E ainda bem.
Pequena povoação inserida em fortaleza. Quantas histórias não guardará?
Galegos afáveis. A marca nacional ainda se faz notar.

A caminho de Burgos a nossa auto-caravana transforma-se em discoteca, escritório ou sala de jantar à medida das necessidades. A música é presença obrigatória para 2 audiófilos crónicos. O plano de viagem vai sendo delineado ao sabor das disposições.


Bilbao na manhã de 26. O almoço com vista sobre o Guggenheim. Sensação de privilégio.

San Sebastian. Irun. Biarritz na entrada de França.
Destino turístico; domingo de praia; trânsito óbvio.

Bordéus é a próxima estação.
Feira gastronómica vem mesmo a calhar.
O vinho da região faz as honras da casa e nós não nos fazemos rogados.
Gente nas ruas. Cidade em movimento.
Mulheres bonitas.







Angoulême acorda-nos a 27. Em Poitiers baterias carregadas. A arquitectura típica francesa acompanha-nos. O Futuroscope de passagem. Paris vem aí!

Prólogo.

Europa.
Esse monstro social e cultural. Essa manta de retalhos repleta de história. Esse fascinio imenso.
Um inter-rail sistematicamente adiado, algo que ficou por cumprir.
Os dias são agora outros. As expectativas e ambições vão sendo alteradas pelo destino.

Um filme fez despertar uma vontade. Os "diarios de la motocicleta" recuperam o desejo de uma viagem de rumo errático. Um concerto no coração da Europa pode ser um bom pretexto para simular, na versão 2005, um imaginario que havia já hibernado sem hora marcada para acordar.

A viagem é feita de carro. A palavra moturista existe?

Um bom tópico para desbravar caminho...

"Animado, talvez, pela frescura e vivacidade de uma viagem recente. Daquelas que reanimam o espírito. Daquelas que ressuscitam mesmo a alma mais entorpecida pelo contrato social que nos força à monotonia da repetição de dias ocos."
Férias. Essa palavra tão abrangente, tão diversificada, tão ansiada.
Para muitos, a maioria, é no entanto tão limitada ao ponto de ter só um e único significado: praia. Corpos a torrar ao sol, qual desporto radical que desafia as leis da natureza e pinta a derme desse bronzeado sazonal e identificativo de ritual cumprido.
Para esses não faz qualquer sentido a aventura, o desafio, a curiosidade, a cultura, a experiência, a descoberta, a história e as estórias. Não estou com a maioria.
O "contrato social" permitiu 3 semanas de costas voltadas para a "monotonia dos dias ocos".
Felizmente bem espremidas. Inevitavelmente já finalizadas.
Ficam as memórias. Fico mais rico.

2005-08-04

Bom dia!

exteriorizar introversões.
gostei do mote.
o bichinho já cá andava, prontinho para sair.
sai hoje à rua pela primeira vez.
virgem. imberbe. puro.