Há sempre uma banda que temos por referência. Um ícone. Uma banda que nos faz alterar os hábitos quotidianos no dia em que edita um novo disco ou dvd, para os podermos adquirir na primeira hora, sem sequer olharmos à qualidade da nova obra (ou à falta dela!). Dessa banda não fazemos downloads e temos toda a discografia oficial e outros tantos registos ao vivo, editados à revelia dos próprios. Dessa banda sabemos toda a história sem termos que efectuar qualquer pesquisa no google. Ainda não havia Internet e já devoravámos as revistas em que faziam capa. Não nos escapa nenhuma notícia em que sejam parte activa. Subscrevemos as suas mailing-lists e temos links directos para os sites oficiais. Dessa banda ansiámos por cada nova visita, cada novo concerto. E estamos lá.
Eddie Vedder recuperou o visual do tempo em que debutaram. De cabelos longos entrou em palco fazendo explodir a tensão provocada pela ansiedade dos 16.000 presentes. Mike Mcready, Stone Gossard e Jeff Ament, o núcleo duro da banda, constituem os fiéis escudeiros do surfista de San Diego. Matt Cameron, último reforço, ocupa o lugar mais nómada do quinteto: a bateria. Estão mais discretos, mais sóbrios, mais maduros.
A 3ª visita a Portugal só vem confirmar o constatado nas presenças anteriores. Há de facto uma relação de cumplicidade entre nós e eles. Eddie Vedder comunicou em português, socorrendo-se de cábulas. Apresentou os companheiros e as músicas. Falou de Cascais e do Restelo. Contou a história dos antepassados lusitanos do teclista que os acompanha em palco, Kenneth "Boom" Gaspar. Culminou a sua prestação verbal com um esclarecedor: “Vocês são do caralho!”. Homem do Norte, carago!
O Pavilhão Atlântico não recebeu, desta vez, ecrãs gigantes ou outros adereços típicos de um concerto de massas. Celebrava-se, aqui, a música pela música. O entusiasmo da audiência e o culto que os Pearl Jam ainda geram encarregavam-se do resto. O alinhamento, sempre mutante neste grupo, deu grande protagonismo ao 1º e mais marcante álbum (Ten) e não esqueceu os menos mediáticos Yellow Ledbetter (o que até é comum) ou Crazy Mary (este um caso raro!) ou a visita aos The Who, com Baba O’Riley.
Nota ainda para a interpretação de Last Kiss, surpreendentemente desde a mesa de som, para gáudio dos espectadores mais atrasados que não conseguiram lugar à frente. No final Eddie Vedder entregou, em mão, a pandeireta que segurava a uma rapariga que via o concerto mesmo a meu lado. Para ela e para nós, uma noite memorável.
2 comentários:
A pandeireta era minha,se não me tivesses agarrado!:)
...e ainda te dizes meu amigo!
Tb lá estive... como já o tinha feito nos outros concertos anteriores!!! Foi simplesmente divinal o concerto.
Curti a tua crónica ao msm.
Pearl Jam são de outro mundo... o nosso mundo!!!
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