Ter 18 anos em 1995 não é o mesmo que ter 18 anos em 2007.
Antes de haver telemóveis, internet, messanger, blogs, mp3 e hi5, já o mundo girava.
Se calhar não à mesma velocidade, mas girava.
A informação não vinha ter connosco, antes nós a tínhamos que procurar.
A globalização era ainda uma criança, e só a televisão nos mostrava, timidamente, que havia muito para ver.
Ir a um festival de rock em 1995 não é o mesmo que ir a um festival de rock em 2007.
Quanto mais não seja porque não havia festivais rock em 1995! O.K., o 1º Paredes de Coura é de 1993, mas o cabeça de cartaz eram os Ecos da Cave…
Em 1995 contavam-se pelos dedos de uma mão os nomes estrangeiros que pisavam o nosso país para dar um concerto. E essas excepções eram verdadeiros acontecimentos, de tão raros!
E, se agora, as bandas internacionais se atropelam nas agendas dos empresários, nesse ano as 3 promotoras nacionais (tournée, ritmos & blues e música no coração) uniam esforços para fazer história! Sintomático.
Para os nossos pais, festival rock significava Woodstock (ou a versão portuguesa, Vilar de Mouros). Por aí, pelos excessos relatados, pelas histórias bem ou mal contadas, não era fácil ter autorização paternal para marcar presença em tão importante festividade. Sim, nessa altura o filho de 18 anos ainda pedia autorização aos pais. Outro século!
Contudo, em 8 e 9 de Julho lá estava eu, com o Pipe, o Rui e o Filipe Bessa, e mais tarde na companhia do Nuno, da Sara, da Sónia, e de uma excursão organizada pelo saudoso Cascos, a servirmos de cobaias ao SBSR.
Para a história ficaram as actuações dos Young Gods no 1º dia e a fantástica sequência Morphine / Therapy? / Faith no More / The Cure no 2º. Para a história ficou a celebração de Youssou N´Dour, qual pastor a comandar um rebanho, que conseguiu a cumplicidade de toda uma multidão. Para a história ficou o calor unicamente suportado por cerveja a 200$. Para a história ficaram os chuveiros milagrosos que ora nos refrescavam ora transformavam as nossas super-bock em sagres (:D !!!!). Para a (nossa) história ficou o Filipe na enfermaria durante os Cure, porque os Faith no More tinham incendiado o público. Para a (nossa) história ficaram as baldas aos encores dos Jesus e dos Cure para fugir ao trânsito. Para a (nossa) história ficou o Punto do Rui, com a buzina a avariar às 2 da manhã em pleno bairro residencial. Para a (nossa) história ficou a Bobadela e os passeios de barco no Tejo.
Para a história, nossa e não só, o Super Rock sobreviveu.